Haiti devastado
Hoje faz seis dias que um forte terremoto de 7,0 graus na escala Richter jogou p’ra cima um dos países mais empobrecidos do mundo (o mais das Américas), resultando em dados e números assustadores. Agências de notícias opinam que a destruição de Porto Príncipe (capital) foi maior que Hiroshima (destruída pela bomba atômica), inclusive em número de mortos, estimados em mais de 100 mil pessoas. Segundo a agência européia EFE, o governo local confirmou que, pelo menos 72 mil corpos já foram enterrados.
São tantas imagens chocantes e tristes, desesperadoras, que levam os mais céticos a ensaiar uma prece ao Céu. A miséria já corrói o Haiti, espoliado por tudo quanto é tipo de exploração e desrespeito aos direitos humanos, e pelas forças da natureza, que vira-e-mexe atacam naquela região caribenha.
Analisando as imagens diárias de Porto Príncipe, enviadas por amigos, a gente percebe que a destruição foi de ponta a ponta, apesar dos noticiários focalizarem mais Porto Príncipe, com seus mais de dois milhões de habitantes cercados de escombros e lixo por todo lado.
Essas imagens são muito fortes e sensibilizam o mundo: pessoas famintas, sedentas, doentes, feridas, sangrando, inválidas, alucinadas, o caos - se alguém quer saber o que é caos. Água potável, muito cara, é só para poucos que ainda têm alguma coisa para trocar (porque dinheiro quase não há). “Quem não pode pagar para tê-la, lava alimentos, o corpo, a roupa... no esgoto mesmo, que corre a céu aberto”, contava triste a Bruninha, quatro meses atrás, dizendo que a capital do Haiti era uma grande favela pobre. Imagine hoje então...
Distribuição de alimento - crianças não tem vez
O desespero e a violência aumentam nas ruas. Em Peguyville (bairro central da capital), milhares de refugiados só dispõem da água de um caminhão pipa. Em outras partes da cidade devastada, cenas comuns de grupos que roubam todo tipo de mercadorias em comércios fechados ou armazéns.
Centenas de jovens, muitos armados com barras de ferro ou madeira e alguns com facas, ocuparam hoje uma importante avenida e forçaram a entrada de vários armazéns, nenhum deles de produtos comestíveis, em uma das principais vias do centro. Muitos deles protagonizaram confrontos aos socos e empurrões em plena rua pela repartição do material, sob o olhar de vários fotógrafos da imprensa internacional. Saques que ficam totalmente impunes, pois os militares da ONU, que percorrem as ruas da capital, passam por essa gente sem intervir, enquanto a Polícia haitiana dispara para o alto, sem poder contê-los.
Muita ajuda internacional em dinheiro, alimentos, remédios, roupas e água chegam a toda hora, no aeroporto, mas esses recursos quase nunca alcançam destino certo, devido a ação de grupos políticos corruptos, que desviam os produtos.
Os Estados Unidos (sábado último 16) desembarcaram 130 mil porções de comida e 70 mil garrafas de água potável destinadas aos desabrigados e “milhares de soldados armados como para uma guerra”, segundo critica do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Observadores internacionais acreditam que uma campanha silenciosa foi posta em marcha para anexar a região ao território norte americano, plano que une os ex-presidentes Bill Clinton (democrata) e George W. Bush (republicano), que transformaram Porto Príncipe num grande palanque. A história deveria ter outro desfecho, mas ainda não se vislumbra o futuro próximo.
Barraco de favela haitiana, antes do terremoto
Leia mais sobre o terremoto no Caribe, em matérias d’A Página Com a força de um coração cósmico e em É possível prever terremotos ~! [+] !~