Brasil tem alta imunidade contra a gripe
A gripe parece propagar-se de modo mais lento no Brasil
Verificar e comparar a incidência e gravidade da gripe no Brasil foram alguns dos objetivos do estudo realizado por Gerardo Chowell e Wladimir Alonso (2010), da Universidade do Estado do Arizona (EUA), envolvendo dados e informações fornecidos pelo Ministério da Saúde do Brasil e por outros institutos nacionais de saúde americanos, entre 1996 e 2006.
A análise decenal revelou que a doença parece se propagar de modo mais lento no Brasil do que em outros países, graças a um nível relativamente alto de imunidade entre a população. Esta é a boa notícia. A má é que, por isso, a diversidade genética dos vírus no Brasil é alta, com potencial de produzir e exportar novas variantes para países menos imunes.
Comparando a curva formada pelo aumento de casos, ao longo do tempo, os pesquisadores calcularam que, no país, em média, cada pessoa infectada contamina outra 1,03 pessoa – índice inferior ao 1,08 pessoa registrado nos EUA (e na Europa). Alonso explica:
Pode ser que a qualidade dos dados varie de regiões mais pobres para mais ricas, mas achamos que a variação não é significativa, porque os médicos reconhecem com facilidade uma morte por infecção respiratória (...) Nós também vimos que, ao contrário do que se vê no hemisfério Norte, não há uma estação de gripe muito bem marcada. A situação lembra mais um cenário no qual os vírus estão circulando o tempo todo. E isso explicaria o desenvolvimento de uma imunidade mais elevada a eles.Os dados indicam que a população brasileira funciona como um grande reservatório de muitas variantes relativamente benignas de vírus da gripe, e, por isso, embora cepas surgidas no Brasil tendam a ser menos agressivas, é bem possível que o reservatório brasileiro de vírus acabe exportando novas variedades da gripe comum para outros locais do planeta. A nota de cautela vem de Chowell:
Acho que a grande mensagem desse resultado é a necessidade de melhorar os sistemas de vigilância que acompanham as variantes da gripe, em especial, em países tropicais como o Brasil, sobre os quais ainda há poucos dados.
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